Introdução: O grupo de doenças que acomete as valvas cardíacas, pode ser de origem adquirida ou congênita. No Brasil, a estenose mitral tem como causa mais comum, a complicação tardia da febre reumática. Em países desenvolvidos a febre reumática apresentou uma redução progressiva, o que vem sendo relacionado na literatura com a melhoria das condições socioeconômicas e ampliação do acesso aos serviços de saúde. Em contraste, o Brasil apresenta um cenário epidemiológico significativo de casos de cardiopatia reumática crônica, de forma que pacientes com valvas nativas apresentam valvopatias e são ainda suscetíveis a complicações advindas de bacteremias. Este estudo caracteriza-se como quantitativo descritivo, observacional e prospectivo Objetivo: Caracterizar a condição de saúde bucal em pacientes com doença valvar nativa em um hospital terciário de Cardiologia e descrever os principais tratamentos realizados. Métodos:Estudo quantitativo descritivo, observacional e prospectivo de pacientes adultos com valvopatias em valvas nativas internados em um hospital cardiológico e atendidos na Seção da Odontologia, no período de abril de 2024 e agosto de 2024. Resultados: A amostra foi composta por 37 pacientes, 59,5% eram do sexo feminino, com média de idade de 58 anos, variando de 21 a 80 anos. A etiologia mais frequente foi a febre reumática (64,9%), seguida da condição congênita (27%) e degenerativa (8,1%). As doenças bucais mais prevalentesforam a cárie (54,1%), e a doença periodontal (51,4%), já os menos frequentes abscesso periapical (5,4%) e a pulpite (2,7%). O Índice de Dentes Cariados, Perdidos e Obturados (CPO-D) apresentou valor de até 20 na maioria dos casos (51,4%), com média de 19,76 e variação entre 4 e 28, indicando uma alta prevalência de cárie dentária. 73% dos pacientes necessitaram de tratamento odontológico, sendo 42,6% raspagem periodontal e 40,4% exodontia. Conclusão: Pacientes com valvopatias em valvas nativas apresentam uma condição de saúde bucal precária o que reforça a importância da adequação do meio bucal e da utilização da profilaxia antibiótica em tratamentos odontológicos na prevenção de endocardite infecciosa.