Introdução: A mobilização precoce no pós-operatório de cirurgia cardíaca é fundamental para a recuperação e melhores desfechos clínicos. Sua implementação nos protocolos assistenciais pode impactar positivamente a evolução dos pacientes.
Objetivo: Avaliar indicadores de mobilidade e principais barreiras à mobilização no pós-operatório precoce após a cirurgia cardíaca, e sua associação com desfechos clínicos.
Método: Estudo observacional analítico realizado em uma unidade de terapia intensiva de pós-operatório (UPO) de hospital terciário. Foram analisados marcos de mobilidade de pacientes adultos submetidos à cirurgia cardíaca por meio da Intensive care unit Mobility Scale (IMS) e o tempo de internação na unidade de terapia intensiva (UTI) e hospitalar. Os desfechos avaliados incluíram taxa de reconciliação funcional (IMS >3 comparando admissão e alta da UTI), taxa de deambulação na alta (IMS ≥7) e tempo até o primeiro ortostatismo (IMS ≥4). Os dados foram apresentados com estatística descritiva, incluindo frequência relativa, mediana e amplitude interquartil (AIQ).
Resultados: Foram analisados 69 indivíduos e evidenciadas reconciliação funcional em 91,7% dos pacientes e deambulação na alta em 86,3%. O tempo até o primeiro ortostatismo foi de 3 (AIQ: 2) dias, e o tempo de internação hospitalar foi de 7 (AIQ: 6) dias. As principais barreiras ao ortostatismo foram o dreno mediastinal não-encapsulado (36%), instabilidade hemodinâmica (27%) e impossibilidade clínica (23%). A insuficiência respiratória aguda foi identificada em 14% dos casos. O tempo até o ortostatismo correlacionou-se significativamente com a internação hospitalar (rho = 0,878; p < 0,001), assim como o IMS na alta da UTI (rho = -0,452; p = 0,006).
Conclusão: A IMS mostrou-se uma ferramenta útil para monitorar a mobilidade no pós-operatório de cirurgia cardíaca. A maioria dos pacientes alcançou reconciliação funcional e deambulação na alta, porém a mobilização precoce foi impactada por barreiras como dreno mediastinal não encapsulado, instabilidade hemodinâmica e impossibilidade clínica. As correlações entre os indicadores de mobilidade com o tempo de hospitalização reforçam a importância da identificação e manejo precoce dos fatores limitantes para otimizar a recuperação e reduzir o tempo de hospitalização no pós-operatório de cirurgia cardíaca.