Introdução: Métodos clínicos como o Escore Clínico de Congestão do Estudo Everest (ECC) e a ultrassonografia pulmonar (USP) são empregados para avaliar a congestão e estratificar o prognóstico antes da alta hospitalar de pacientes com insuficiência cardíaca aguda descompensada (ICAD). Objetivamos avaliar biomarcadores e achados de congestão residual pelo emprego do USP e do ECC em pacientes pré-alta hospitalar (PAH) por ICAD e correlacionar estes achados com ocorrência de eventos clínicos significativos na fase vulnerável (90 dias após alta hospitalar). Métodos: Investigamos 100 pacientes consecutivos internados por ICAD, idade 58,2±13,7, 54% masculinos, FEVE=27,9±13,3, tempo de internação 11,2±5,6 dias, sendoavaliados na PAH com: 1. ECC, sendo positivo se apresentasse edema, ortopneia ou estase venosa jugular; 2. Ultrassom pulmonar (USP) avaliando 8 campos pulmonares para detecção de linhas B (LB), sendo positivo para congestão se ≥ 1 campo pulmonar mostrasse ≥ 3 LB, 3. Ultrassom de veia cava inferior (USVCI), sendo considerado positivo se o calibre expiratório da VCI ≥ 21 mm e 4. Dosagem séricas de NT-ProBNP e creatinina. Desfechos clínicos de uso de furosemida endovenosa (FURO), re-internação por ICAD (REIN) e morte por qualquer causa foram monitorados na fase vulnerável de 90 dias após a alta hospitalar. Análise de regressão de Cox, uni e multivariada, foi utilizada para testarmos a correlação entre os resultados das variáveis investigadas e desfechos clínicos. Resultados: O ECC na PAH foi positivo em 39 (39%) dos pacientes, com detecção de turgência venosa jugular em 30%, ortopneia em 11% e edema em 4%. O USP foi positivo em 30% dos pacientes. O USVCI foi positivo em 34 pacientes (36,6%). Ocorreram 26 eventos na fase vulnerável, sendo 16 (16%) FURO, 23 (23%) eventos combinados de IC (FURO ou REIN) e 7 (7%) óbitos. A tabela 1 apresenta a análise de regressão univariada da correlação dos biomarcadores, ECC, USP e USVCI com os desfechos. A tabela 2 apresenta a análise de regressão multivariada incluindo as variáveis que mostraram correlação univariada positiva. Conclusão: Nossos resultados indicam que congestão residual é encontrada em cerca de 1/3 dos pacientes na PAH por ICAD e que o ECC é efetivo em identificar congestão clinicamente significativa que se associa a risco elevado de eventos após a alta, ao lado dos biomarcadores. O emprego do USP e USVCI, apesar de identificar congesto subclínica, não se associou a maior risco de eventos nesta população.