A poluição do ar é um risco ambiental significativo, pois partículas MP2.5 penetram nos pulmões e afetam a circulação. A exposição materna durante a gestação pode comprometer a saúde cardiovascular da prole. Por outro lado, o treinamento físico oferece efeitos protetores contra danos causados pela poluição em adultos. Este estudo avalia os efeitos do treinamento físico na morfometria e função cardíaca da prole de ratas expostas à MP2.5 durante a gestação. Ratas Wistar foram expostas à MP2.5 do quinto dia de gestação até o nascimento. A prole masculina foi dividida em três grupos (n=5-7): C (controle), E (exposto) e ET (exposto e treinado). Após o desmame, os filhotes realizaram treinamento em esteira (5x/semana/8 semanas). A avaliação foi feita por ecocardiografia. Observou-se redução no peso corporal dos animais do grupo ET em comparação ao E ao final do protocolo (C: 328,3±7,1; E: 343,6±5,7; ET: 322,5±6,1 g). Além disso, o grupo ET apresentou maior tempo de teste na esteira em relação aos grupos C e E (C: 21,33±1,25; E: 21,05±0,005; ET: 28,17±1,05 min). Nas avaliações morfométricas, o diâmetro do ventrículo esquerdo na diástole (C: 8,50±0,76; E: 7,38±0,66; ET: 7,54±0,21 mm) foi reduzido nos grupos expostos em comparação ao controle. O grupo ET apresentou aumento na espessura da parede posterior do ventrículo esquerdo (C: 1,43±0,10; E: 1,32±0,12; ET: 1,54±0,09 mm) e do septo interventricular (C: 1,08±0,34; E: 1,18±0,16; ET: 1,46±0,22 mm) em comparação ao grupo E. A massa do ventrículo esquerdo (C: 761±109; E: 623±93; ET: 787±97 mg) foi maior no grupo ET em relação aos grupos C e E. Na função diastólica, a razão E/A foi maior no grupo E em comparação aos grupos C e ET (C: 1,38±0,23; E: 1,91±0,41; ET: 1,29±0,09), e o tempo de relaxamento isovolumétrico (IVRT) foi reduzido no grupo ET em comparação aos grupos C e E (ET: 12,13±2,13 vs. C: 17,29±2,73 e E: 20,91±4,04 ms). Quanto à função sistólica, a fração de ejeção (C: 55,7±11,4; E: 55,2±7,6; ET: 67,2±3,3%) e o encurtamento fracional (C: 30,7±7,8; E: 29,9±5,3; ET: 38,5±2,6%) foram melhores no grupo ET em comparação aos grupos C e E. Em conclusão, a exposição à MP2.5 durante a gestação compromete a saúde cardíaca da prole, gerando alterações estruturais e funcionais. No entanto, o treinamento físico atenuou esses efeitos, melhorando as funções diastólica e sistólica. Esses achados destacam o potencial do exercício físico como estratégia para mitigar danos cardiovasculares causados pela poluição do ar, incluindo os decorrentes da exposição in utero
