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Associação entre o resultado quantitativo da quimioluminescência para detecção de anticorpos contra T. cruzi e mortalidade geral em pacientes com doença de Chagas

Pedro Henrique de Souza Pacheco, Rafael Cardoso Rocha, Murilo Romano de Oliveira, Gustavo Jardim Volpe, Jose Antonio Marin-Neto, André Schmidt, Henrique Turin Moreira
FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO - Ribeirão Preto - SP - BRASIL

 

Introdução: A doença de Chagas (DC), causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi (T. cruzi), permanece um desafio de saúde pública no Brasil, sendo a cardiomiopatia crônica sua principal manifestação grave, associada a insuficiência cardíaca, arritmias e eventos tromboembólicos. Evidências sugerem que a resposta imune à persistência parasitária constitua o mecanismo central na patogênese da cardiomiopatia associada à DC, mas seu valor prognóstico ainda é incerto. Este estudo investiga a associação entre os valores quantitativos do imunoensaio de quimioluminescência (CL-ELISA) para T. cruzi e o risco de mortalidade geral em pacientes com DC.

 

Métodos: Estudo longitudinal retrospectivo incluindo adultos (>18 anos de idade) com DC diagnosticada pela positividade de pelo menosdois testes sorológicos com métodos distintos, sendo um deles o CL-ELISA, atendidos em hospital terciário desde 2012, ano em que o teste foi implantado na instituição. A análise de sobrevida avaliou a associação entre os valores quantitativos do CL-ELISA (variável independente) e a mortalidade geral (desfecho), considerandoum ponto de corte de 12 unidades de luz relativas (ULR), determinado por regressão spline. O seguimento dos pacientes foi realizado até a ocorrência do desfecho ou última visita clínica, com dados analisados até o final de 2024.

 

Resultados: Foram incluídos 1854 pacientes com DC (idade mediana: 69 anos [IIQ: 59-78], 50% do sexo masculino). O valor mediano do CL-ELISA foi de 11 ULR (IIQ: 9-12), com 1293 pacientes apresentando CL-ELISA < 12 ULR e 561 ≥ 12 ULR. O tempo mediano de seguimento foi de 2,3 anos (IIQ: 0,6-5,6), durante o qual foram constatados 589 óbitos. Pacientes com CL-ELISA ≥ 12 ULR apresentaram maior risco de mortalidade geral (HR: 1,24; IC95%: 1,05-1,48; p=0,01), associação que se manteve significativa na análise multivariada ajustada para idade e sexo (HR: 1,32; IC95%: 1,11-1,56; p=0,002), estatística-C de Harrell de 0,67.

Conclusões: Valores elevados do CL-ELISA estão significativamente associados a maior mortalidade na DC, independentemente da idade e do sexo. Esse resultado destaca o papel da resposta imune na progressão da doença e sugere o potencial uso do teste na avaliação prognóstica, embora estudos adicionais sejam necessários para convalidar essa aplicação.

 

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