Introdução: A transição de turnos nos Pronto-Atendimentos (PA) pode impactar o atendimento de emergências tempo-dependentes. Este estudo investiga a influência da troca de plantão nos tempos de atendimento em pacientes com Infarto Agudo do Miocárdio com Supra de ST (IAMCSST) e seus impactos clínicos de pacientes atendidos pelo Protocolo IAM em Salvador-BA e Região Metropolitana (RMS).
Métodos: Trata-se de um estudo de corte transversal, com análise do banco de dados do Protocolo IAM abrangendo janeiro/2021 a dezembro/2024. Foram considerados como períodos de transição de plantão os intervalos entre 6h e 8h (momento de admissão no PA), e 18h e 20h. Foram incluídos pacientes diagnosticados com IAMCSST em Salvador-BA e RMS, que geraram acionamento do Protocolo IAM - rede local de assistência especializada para pacientes com IAM. Foram excluídos pacientes sem horário de admissão registrado ou ECG e, para análise porta-ECG, os que tinham Z-score >3, a fim de evitar números que destoassem da mediana. As variáveis analisadas incluíram: tempo porta-ECG, porta-agulha, porta-balão, ECG acionamento e óbitos. A análise de normalidade foi realizada através do teste de Kolmogorov-Smirnov. Para amostras paramétricas, utilizou-se o teste Qui-quadrado, e para as não paramétricas, o teste de Mann-Whitney. O nível de significância adotado foi de 5% (p<0,05). O software de análise foi o SPSS.
Resultados: Foram analisados 1981 pacientes com IAMCSST, dos quais 332 foram atendidos durante o tempo de transição e 1649 fora desse período. Observou-se um tempo porta-ECG de 25 minutos (min) para o grupo em transição, comparado com 20 min para o grupo fora da transição (p 0,032). Ao analisar o tempo porta-agulha, os tempos foram de 300 min para o grupo em transição vs 248 min para o grupo fora da transição (p 0,012). Em relação ao tempo porta-balão, os tempos observados foram de 225 min e 214,5 min para os grupos em transição vs fora de transição, respectivamente (p 0,038). A taxa de mortalidade foi de 13,0% para o grupo em transição e 13,9% para o grupo fora de transição (p 0,640). O tempo ECG-Acionamento teve uma mediana de 17 min para ambos os grupos (p 0,865).
Conclusão: A transição de plantão está associada a um aumento significativo nos tempos porta-ECG, porta-agulha e porta-balão. Entretanto, não houve diferença estatisticamente significativa na taxa de mortalidade e no tempo ECG-Acionamento. Esses achados reforçam a necessidade de estratégias para minimizar atrasos durante trocas de plantão e otimizar o manejo dos pacientes com IAMCSST nas redes de assistência.