Introdução O Infarto do Miocárdio sem Obstrução Coronária (MINOCA) é uma condição cardiológica que representa cerca de 6-10% dos casos de infarto agudo do miocárdio (IAM). Diferente do IAM clássico, caracterizado por obstrução significativa (>50%) das artérias coronárias, o MINOCA ocorre em pacientes sem lesões obstrutivas relevantes. Suas causas incluem tromboembolismo, dissecção coronária, vasoespasmo, aneurismas e disfunção microvascular. O entendimento dos fatores de risco e da evolução clínica desses pacientes é essencial para prever o risco de recorrência de IAM e otimizar o tratamento.
Métodos Trata-se de uma coorte de centro único, com199 pacientes diagnosticados com MINOCA, incluídos entre março de 2020 e fevereiro de 2025, com um acompanhamento médio de 33 meses. Foram utilizados dados clínicos, medicações prescritas e fatores de risco. Foram aplicadas análises estatísticas (teste qui-quadrado, regressão logística multivariada, regressão logística penalizada, análise de correlação) para verificar associações entre as variáveis e a ocorrência de um novo IAM.
Discussão e Conclusão A análise inicial revelou uma associação estatisticamente significativa entre a causa do MINOCA e a recorrência do IAM (p=0.0013). No entanto, ao analisar individualmente cada causa, nenhuma apresentou uma relação isolada estatisticamente significativa, possivelmente devido ao tamanho reduzido da amostra em cada categoria.
Na regressão logística multivariada, observa-se que apenas DAC < 50%(p=0.011) e Dissecção (p=0.029) foram preditores estatisticamente significativos de menor risco de um novo IAM. Isso sugere que a fisiopatologia dessas condições pode oferecer um grau de proteção relativo contra a recorrência do evento.
A regressão penalizada (LASSO) refinou a seleção de variáveis, mostrando que idade (-0.064) e histórico familiar de DAC precoce (0.023) tiveram impacto no risco de um novo IAM, enquanto IAM prévio e ATC prévia foram eliminados do modelo, indicando que não tiveram impacto significativo.
Os achados reforçam que fatores individuais, como idade e histórico familiar, desempenham um papel na recorrência do IAM em pacientes com MINOCA. Também sugerem que certos mecanismos etiopatogênicos podem influenciar na ocorrência denovo evento. Devido ao tamanho amostral, é necessário realizar estudos adicionais para confirmar essas observações e compreender melhor essas relações. Novas pesquisas com coortes maiores e abordagem multidimensional podem ajudar a definir estratégias terapêuticas mais eficazes para esses pacientes.